01/04/2024 18:00 | Saúde

No HGE, bebê com cardiopatia é beneficiado pelo Projeto Respirar para futura retirada de traqueostomia

Ele está sob cuidados intensivos para retirada de ventilação mecânica e tratamento de cardiopatia congênita


Théo está internado na UTI Pediátrica do HGE aos cuidados da equipe multidisciplinar

Beatriz Castro / Ascom HGE


Thallysson Alves / Ascom HGE

Mais um bebê é beneficiado pelo projeto Respirar, idealizado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) para melhorar a qualidade respiratória de crianças, promovendo o diagnóstico e tratamento corretos dos tipos de obstrução da via respiratória. O mais novo beneficiado foi o filho de Damiana Silva, que com apenas nove meses de vida já enfrenta desafios para superar a sua complexa cardiopatia congênita, que culminou, entre outras consequências, na necessidade da traqueostomia.

 

Damiana lembra que a sua gravidez foi tranquila, sem nenhum indício de problemas com a saúde do seu pequeno Theo. Com sete meses de gestação, ela desenvolveu diabetes gestacional e polidrâmnio (excesso de líquido amniótico). Precisou ficar internada na Maternidade Escola Santa Mônica (MESM) até o momento do parto, quando o seu bebê se apresentou com icterícia e um sopro no coração.

 

“Depois disso aconteceram várias coisas, mas sempre como acompanhamento do pediatra. Até que um dia ele ficou cianótico, muito amarelado e o trouxe aqui para o HGE [Hospital Geral do Estado]. A médica ficou impressionada quando o viu e disse que era muito grave. Correram para fazer os exames, acharam que ele tinha uma infecção, suspeitaram de uma coarctação da aorta, mas foi na cirurgia que identificaram uma interrupção do arco aórtico”, resumiu Damiana, que é casada e também tem uma filha de 15 anos.

 

Desde então, a vida de mãe e filho tem sido dentro de hospitais. Agora, o bebê está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do HGE, em Maceió, onde recebe a atenção especializada da equipe multidisciplinar. Em tempo, o seu quadro clínico despertou a atenção da equipe do projeto Respirar, que decidiu realizar uma broncoscopia para analisar a possibilidade da decanulação, que é a retirada do dispositivo que está no pescoço da criança, este permite a passagem do ar direto do ambiente externo para os pulmões, sem passar pelas vias respiratórias altas.

 

“Com a broncoscopia, nós visualizamos o aparelho respiratório (traqueia, brônquios e pulmões), analisando eventuais alterações ou lesões. Para a realização, a nossa equipe prepara a criança, com a participação do médico anestesista e monitoração contínua. Nesse caso, não foi possível retirar a cânula, mas o exame diagnóstico trouxe informações importantes para o planejamento de intervenções futuras com vistas à decanulação”, explicou a cirurgiã torácica Maria Carolina Malafaia.

 

Agora, ele passa a integrar a linha de cuidado do projeto Respirar. O seu caso já está sendo discutido com equipe multidisciplinar, provavelmente precisará passar por alguns procedimentos, até que se alcance a segurança para retirar a cânula. De acordo com o coordenador do projeto, médico Wander Cardoso, outras crianças também são assistidas no ambulatório, localizado no Hospital da Mulher (HM), e não estão hospitalizadas. Todas elas recebem os cuidados necessários para que no futuro possam se libertar do dispositivo e viver com mais liberdade e saúde.

 

“Com a ajuda de toda a rede do SUS [Sistema Único de Saúde] no Estado, nós já estamos construindo um banco de dados onde, no futuro, haverá uma apresentação dos benefícios alcançados, além de um panorama atual sobre a situação. É difícil ter uma estatística que consiga prever a morte pediátrica relacionada a problemas obstrutivos da via respiratória porque, muitas vezes, existem outras complicações em torno que são inseridas na causa morte, com a Classificação Internacional de Doenças (CID) principal. A nossa expectativa é que o método de rastreio estatístico seja melhorado”, ressaltou Cardoso.

 

Para o secretário de Estado da Saúde, o médico Gustavo Pontes de Miranda, a saúde está realmente empenhada em fazer o melhor para todos os alagoanos. Isso porque, segundo ele, "o impacto que esse e outros projetos têm sobre essas crianças, bem como, para seus familiares, são fundamentais para o tratamento mais humanizado, onde todas as ações são realizadas com muito trabalho e coração, para uma evolução positiva dos pacientes assistidos”, destacou.