Infectologista da Sesau esclarece dúvidas sobre vacinação contra a Covid-19
Para especialista, apenas o avanço da imunização e o respeito aos protocolos sanitários são capazes de dar fim à pandemia
Infectologista Sara Dominique diz que vacinas contra a Covid-19 são seguras para crianças, têm eficácia comprovada e não oferecem risco à saúde
Carla Cleto
Bia Alexandrino
Com a disseminação da variante Ômicron no Brasil, os debates sobre a importância da vacinação vêm à tona. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) segue defendendo a vacinação para o fim da pandemia do novo coronavírus, além de os protocolos sanitários, como o uso da máscara, a higienização das mãos e o distanciamento social.
A infectologista e diretora médica do Hospital da Mulher (HM), Sarah Dominique Dellabianca, esclarece questionamentos importantes sobre a vacina contra a Covid-19 e garante que apenas o avanço da imunização e o respeito aos protocolos sanitários são capazes de dar fim à pandemia.
Vacinação das faixas etárias permitidas e proteção dos mais vulneráveis
A infectologista explica que a vacina possui dois efeitos: o efeito individual e o efeito coletivo. O efeito individual da vacina é a diminuição das chances de agravamento e óbito, caso se contraia a doença. Já o efeito coletivo é a redução da transmissão do vírus (pessoas vacinadas costumam transmitir menos), apesar de não haver um cálculo preciso sobre essa redução. Assim, quanto mais gente vacinada, menor é a propagação do vírus.
Os grupos mais vulneráveis (que apresentam perda natural no status imunológico), como os idosos e os imunossuprimidos, se beneficiam mais dessa redução. Assim, o fechamento do esquema vacinal com as três doses do imunizante não basta para que os grupos mais vulneráveis estejam realmente protegidos, é preciso que exista também a imunidade de rebanho.
Vale lembrar que a diminuição da taxa de transmissão é multifatorial e depende também do uso de máscara e isolamento social. Então os protocolos sanitários devem continuar mesmo após a vacinação.
Recusa da vacina e surgimento de novas variantes
Cientificamente, a recusa da vacina não é vantajosa para ninguém, porque isso dá força adaptativa aos vírus, às mutações virais. Não vacinar ou aguardar um momento posterior para se vacinar cria um ambiente favorável para o surgimento de novas variantes mais fortes e mais resistentes do vírus dentro das comunidades. Porque quando uma pessoa vacinada entra em contato com o vírus, o seu sistema imunológico não replica a carga viral tanto quanto uma pessoa não imunizada.
Riscos e efeitos pós-vacina em crianças
Sarah Dominique garantiu ser fake News a notícia que afirma que os imunizantes provocam autismo em crianças.
Já com relação à miocardite em crianças como efeito da vacinação, a médica explica que estudos realizados com crianças, adolescentes e adultos jovens nos Estados Unidos, Israel e Europa comprovam que o risco é inferior a 0,002% e que essa miocardite, que é possível a partir de 21 dias após a vacina e até o 42º, se apresenta de modo leve a moderado, sem nenhum óbito associado.
Pessoas com sintomas de Covid-9 devem aguardar para se vacinarem
Quem apresenta sintomas de Covid-19 ou quem testou positivo para Covid-19 deve aguardar um mês antes de tomar a dose de reforço ou qualquer dose que seja. Porque quando o sistema imunológico está trabalhando para lidar com a carga viral da infecção natural, a produção de anticorpos pode interferir na resposta do corpo à vacina.
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