22/05/2023 17:05 | Direitos Humanos

Governo de Alagoas reúne sociedade civil e avança na criação do Observatório da Igualdade Racial

Criação do Observatório vai gerar dados, pesquisas e propostas de políticas públicas efetivas em benefício das populações negra e indígena no estado


Coordenado pela secretária de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos, Maria José da Silva, encontro reuniu o movimento negro, quilombolas, estudantes e pesquisadores das universidades

Marco Antônio / Agência Alagoas


Wellington Santos / Agência Alagoas

O Governo de Alagoas avança no projeto de criação do Observatório Estadual de Igualdade Racial, que vai gerar dados, pesquisas e propostas de políticas públicas efetivas em benefício das populações negra e indígena do estado, em todas as suas representações. Um encontro no Palácio República dos Palmares, nesta segunda-feira (22), teve como intuito ouvir representantes dos segmentos, coletar informações, sistematizar e colher sugestões para criação e aplicação de políticas afirmativas e de promoção de igualdade sócio-étnico-racial em Alagoas.

 

O encontro foi coordenado pela secretária de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh), Maria José da Silva, e reuniu representantes do Movimento Negro, quilombolas, instituições, universidades e da sociedade civil.



 

“Estamos aqui com o pessoal das favelas, do movimento negro, das universidades, pesquisadores, historiadores, com os quilombolas, de terreiros, ou seja, com uma representatividade muito forte para avançarmos na construção deste Observatório. E o Estado não poderia fomentar o avanço desse projeto sem criar uma rede e escutar as representações envolvidas”, destacou a secretária Maria José.

 

Entre as primeiras propostas estão a criação de um grupo de trabalho, engajamento dos secretários de Estado no Observatório, promoção de cursos de capacitação e inserção no mercado de trabalho, com percentual de vagas para a população negra, incluindo setores como o turismo, atualmente um dos grandes geradores de emprego e renda em Alagoas.

 

“O Observatório vai precisar também trabalhar com as escolas, onde, infelizmente, ainda encontramos esse racismo estrutural”, destacou um dos representantes do segmento das religiões de matriz africana, historiador e babalorixá Célio Rodrigues, conhecido como “Pai Célio”.

 

“Sabemos que não é fácil quebrar o racismo estrutural de mais de 500 anos no nosso país, em uma sociedade que insiste em repetir o preconceito, mas acreditamos nesse projeto”, disse a coordenadora do Conselho Estadual de Promoção de Igualdade Racial (Conepir), Salete Bernardes.



 

“Precisamos propagar nas escolas, pensar na possibilidade de uma cartilha, preparar materiais didáticos e buscar financiamentos com entidades parceiras”, propôs o diretor-geral do Campus Sertão da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Thiago Trindade. Outra ideia proposta seria a produção de vídeos educativos para consolidar as ações de combate à discriminação racial a partir das salas de aula, desde a primeira infância.

 

Autonomia e prioridade na gestão Paulo Dantas

 

De acordo com a secretária Maria José, o início das discussões e tratativas em torno da criação de um Observatório de Igualdade Racial, de forma participativa, envolvendo a sociedade, já vem desde a gestão anterior, mas vem ganhando impulso em 2023, a partir da criação de uma superintendência específica na Semudh, a de Igualdade Racial, pelo governador Paulo Dantas. “O governador foi sensível ao nosso pleito e nos deu total autonomia. Agora estamos trazendo todo mundo para a mesa de discussões: secretarias, quilombolas, terreiros, universidades, estudiosos, pesquisadores, enfim, toda a sociedade civil”, reforçou a secretária.

 

“Eu, como uma mulher negra, descendente indígena da etnia Fulni-ô e defensora dos direitos humanos, estou me empenhando para a construção dessa rede, que envolva também os poderes Legislativo (Assembleia e Câmara de Vereadores) e Judiciário”, finalizou Maria José, lembrando que Alagoas é o único estado em que há paridade de gênero nas secretarias, com 14 pastas comandadas por mulheres, das 27 existentes.

 

O encontro contou ainda com a secretária de Integração Política e Social do Gabinete Civil, Júlia Casado, entre outros representantes.