Quatro espetáculos irão se dividir entre os três palcos do Complexo Cultural Teatro Deodoro, neste sábado (13), a partir das 20h, no último dia de apresentações em alusão ao Dia Alagoano do Teatro. Grandes nomes das artes como José Márcio Passos e Laureny Barbosa, até a nova geração de artistas como Silvio Leal, Mary Alves e Arielly Oliveira. Apesar de chamá-los de “nova geração” são artistas consolidados no meio artístico alagoano.

Abrindo a noite de apresentações,  dois bailarinos irão “pisar” com força no palco oficial de Alagoas. São eles, Jal Oliveira e José Marcos ou melhor dizendo “Marcos Topete”, não são apenas talentosos bailarinos, mas dois estudiosos do corpo e suas expressões.

Eles levarão através da dança contemporânea, as relações do corpo alagoano com suas raízes, trazendo as lembranças corporais do elenco nos ‘desenvolver’ a cena. Esse é um espetáculo construído por três cabeças, além dos bailarinos Jal Oliveira e José Marcos Topete, entra como encenador e diretor Carlos Alberto Barros, do grupo teatral Oszinformais.

Este é o primeiro trabalho de Carlos Alberto como diretor de um espetáculo de dança, que conta que esse trabalho trará uma contribuição artística inestimável pelas partituras corporais e ancestral alagoana. “Esperamos despertar sentimentos presentes principalmente nos alagoanos, povo de uma batida peculiar em sua maneira de dançar, já que partimos desse ponto, a dança ancestral de nosso povo, destaca Barros. 

O espetáculo foi contemplado pelo edital de incentivo cultural do Governo de Alagoas, através da Secult Alagoas, na categoria montagem.

Vida rara

Quem vai subir ao palco do Teatro de Arena Sérgio Cardoso, também a partir das 20h, é José Márcio Passos, Leureny Barros e Wilbert Fialho. Um grande nome do teatro de Alagoas, uma dama da voz de veludo e um monstro da música nacional, juntos para apresentar o espetáculo “A vida é tão rara”.

José Márcio ou Zé Márcio usa todo seu talento para entregar uma interpretação poderosa e dramática de diversos clássicos da MBP como “O segundo sol” por exemplo, para contar uma história de amor e gentileza com a manipulação das intenções das palavras das letras musicais.

Leureny entra para cantar essa história com um irreverência que só quem a anos encanta através da voz pode fazer e por último, e não menos importante, entra os arranjos sublimes de Wilbert Fialho, que não apenas acompanha Leureny, mas costura todas essas emoções com seu violão.

Abrindo os trabalhos no palco do pátio externo do Teatro de Arena Sérgio Cardoso, o artista Silvio Leal vem com o recital perfomático “Mário Erótico!” que foi apresentado durante a exposição Reencontro. Porém, para esse segundo momento, os poemas foram mantidos, que são centrados na escrita erótica de Mário de Andrade, erótica, porém sútil, metafísica só que agora ele com uma "pegada" mais popular, menos erudita.

Muito disso se deve pela entrada do músico Ari Rodrigues, músico que trouxe uma contribuição e que inclusive estimulou Silvio a dar umas palhinhas musicais, trazendo uma “cantoriazinha” de leve, se aproximando ainda mais do público.

Foram inseridos diversos elementos como a influência do Chico Buarque, as modas de viola e seus arranjos musicais. “A performance está mais animada, com uma relação mais calorosa com o público, não que a primeira não fosse, mas ela tinha uma pegada mais erudita com o acompanhamento musical da professora Miran abs no violoncelo, e agora o Ari chegou para revolucionar e ainda me instigando a dar umas palhinhas cantando”, conta Leal.

“Mário Erótico” vai navegar pela obra erótica de Mário de Andrade. Será um Picolo Recital Performativo com cinco poemas retirados da obra ‘Seleta Erótica’, uma coletânea de escritos do autor de ‘Macunaíma’, organizada por Eliane Robert Moraes e publicada pela editora Ubu.

Mary Alves e Arielly Oliveira

Arielly Oliveira e Mary Alves são vozes insurgentes nas “terras lamaceiras” de Alagoas. Um show, que vai acontecer a partir das 21h30, no pátio externo do Teatro de Arena Sérgio Cardoso,  e vai unir mais do que duas vozes necessárias da música alagoana. Elas são muitas, cantam por muitas e irão trazer as mensagens de tantas outras. Uma composição melódica, afetiva e poética a partir das composições autorais das duas artistas e de composições que lhes são referências de outras artistas como Leci Brandão, Doralyce e Bione, Preta Rara e Chico César. 

O espetáculo será num formato acústico, passeando por estilos diferentes que na voz de Mary e Arielly, se completam como Rap, Soul, MPB e Reggae, que mistura! O show contará com a composição harmônica dos artistas Nego Pedru, Pedro Salvador e Marvin Vieira.

Quem disse que a arte não é política? Ela tem sim um caráter de protesto, resistência e isso fica implícito no som e no discursos dessas manas. O que situa a importância desse show é o seu caráter simbólico, político de se fazer no dia 13 de Maio, dia em que declaramos que 13 de Maio não é dia de Negro! Enquanto manifestação cultural, pela responsabilidade de uma arte que esteja na linha de frente no combate ao Racismo Institucional e Estrutural no Brasil, as artistas querem refletir a partir da música o que Nina Simone já dizia ‘É dever de todo artista refletir o seu tempo’, destaca Mary Alves. 

Arielly  vem do rap, estilo onde o protesto é forte na suas letras questiona, “porque afinal, apesar de passados mais de 130 anos da abolição da escravização no Brasil, a ferida continua aberta ainda que estejamos nos curando. Será que as pessoas negras e indígenas deste país são livres de bem-viver?”, completa a artista.

“Esperamos do público da Semana em comemoração ao Dia alagoano de Teatro  coletividade na troca de saberes culturais, reflexão e celebração! Convocamos todos aqueles que sentirem o chamado, para fazer esse momento de encerramento ainda mais especial”, finalizam. 

Serviço:

O que: Último dia da programação do Dia Alagoano do Teatro

Espetáculos: Umbigo, A vida é tão rara, Mário Erótico e Mary Alves e Arielly Oliveira

Quando: Sábado, 13/05, a partir das 20h

Onde: Complexo Cultural Teatro Deodoro

Entrada franca para todos os espetáculos