29/12/2022 19:15 | InstitucionalEsporte

Cobertura nacional e “roubo” da camisa 10 do Rei no Rei Pelé

Malandragem no futebol terminou fazendo com que camisa do amistoso de inauguração do estádio ficasse em Alagoas


Lauthenay Perdigão deixou memórias relatando detalhes da construção e da primeira partida realizada no estádio


Wellington Santos/ Secom

Ainda sobre a inauguração do Rei Pelé, três famosas revistas à época — O Cruzeiro, Manchete e Fatos e Fotos —, fizeram uma ampla cobertura. No dia 25 de outubro de 1970, "Alagoas ganhava, para a época, o estádio mais moderno da América Latina e o mais bonito do Brasil". A capacidade era de 40 mil pessoas. Antes, o público apreciava o futebol local em campos pequenos, com cerca de 5 mil torcedores apertados em cada jogo. 


Na época, um dos membros da comissão responsável pela construção do estádio era o historiador Lauthenay Perdigão. Falecido recentemente, ele deixou memórias em que lembrava algumas histórias que marcaram o começo do estádio “com direito” até ao “confisco” da camisa branca 10 do rei. Sim, ela também era objeto de desejo.  Quem teve a satisfação de ganhá-la foi Vinícius Maia Nobre, engenheiro que trabalhou na obra do estádio do Rei. Vinicius depois a doou ao Museu dos Esportes. Mas a relíquia chegou ao acervo de maneira curiosa e até engraçada.  


“Essa camisa do Pelé tem uma história (risos)... O Vinícius procurou o presidente da delegação do Santos, que era o Modesto Roma, se identificou como engenheiro do estádio, e pediu uma camisa do Pelé, mas o Modesto Roma disse que já tinha prometido a um coronel, que era presidente da Casa dos Meninos Abandonados, uma instituição lá no bairro do Farol”, contou o historiador.


“Aí o Vinícius se juntou ao Toroca (dirigente de futebol e ex-presidente do CRB) e ao Walter Guimarães (outro dirigente à época) e tramaram o seguinte: o Walter foi no vestiário do Santos no intervalo do jogo e se identificou como o coronel. Aí o Pelé simplesmente tirou a camisa. Não perguntou nada, não pediu identidade, apenas entregou. No fim do jogo é que houve o problema (risos), porque o coronel foi lá buscar a camisa e, quando chegou, o Pelé disse que já tinha dado a camisa no final do primeiro tempo”, relembra Lauthenay. 


“O Vinícius disse que esse coronel ficou danado da vida, e precisou o Modesto Rômulo intervir. O Pelé deu a camisa do segundo tempo para a Casa dos Menores Abandonados, mas o coronel ficou querendo saber quem foi que tinha se passado por ele”, completou o então diretor do Museus dos Esportes.


Lauthenay acrescentou que não sabia da história das duas camisas. “Ainda bem que o final foi feliz”. Ele disse que uma delas deve ter sido leiloada para ajudar os meninos da instituição, e a outra ficou disponível para o Museu.