Central de Transplantes de Alagoas atua para reduzir índice de recusa familiar para autorização de doação de órgãos
Estado registra 518 pessoas na lista de espera por um transplante de órgão, cuja doação é realizada mediante aval da família
No ano passado o índice de recusa familiar para autorização da doação de órgãos foi de 57% segundo a Central de Transplantes de Alagoas
Carla Cleto - Ascom Sesau
Ruana Padilha - Ascom Sesau
O índice de famílias alagoanas que não autorizaram a doação de órgãos dos parentes que estavam em morte cerebral foi de 57% em 2023, conforme apontam dados da Central de Transplante de Alagoas. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (29) pela instituição, que é vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).
A coordenadora da Central de Transplante de Alagoas, Daniela Ramos, explica que boa parte da taxa de recusa ocorre por motivos e tabus sociais e da falta de conscientização sobre a morte encefálica, que é um processo irreversível. Ela explica que a recusa acontece pelo desconhecimento da causa e da vontade do doador ainda em vida.
"Há também o fato de algumas famílias terem medo de que o corpo seja modificado e deformado. Mas é preciso ressaltar que trata-se de uma cirurgia eletiva como outra qualquer. Há também uma Lei que garante a recomposição do corpo para que seja entregue aos familiares visando realizar o sepultamento. Questões religiosas também são causas das recusas, embora nenhuma religião oficialmente seja contra doação de órgãos”, salientou Daniela Ramos.
A coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas frisa que a doação de órgãos do potencial doador, juridicamente, só pode ser autorizada pela família.
“O primeiro passo para se tornar um doador é a decisão de continuar salvando vidas, mesmo após a morte, e de conscientizar seus familiares da sua escolha, pois a nossa legislação não permite que seja deixado nada por escrito. Então, os familiares precisam autorizar a doação de órgãos e é a decisão da família que será acatada por nós. Portanto, ressaltamos sempre a importância de avisar os familiares, de conscientizá-los e sensibilizá-los desse milagre, dando vida a outras pessoas”, ressaltou.
A coordenadora explica que, só após o diagnóstico de morte encefálica, prescrito na resolução 2.173, expedida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2017, os médicos procuram a família e pedem a autorização para a doação dos órgãos.
“Nós possuímos uma equipe especializada, a Organização de Procura de Órgãos, que faz esse trabalho, e acolhe a família durante todo o processo. Mas, precisamos ressaltar que a doação de órgãos ocorre quando há confirmação de morte encefálica e a confirmação precisa seguir alguns procedimentos, que é realizado em três etapas”, explica.
A primeira etapa é desenvolvida por um médico habilitado, que faz uma série de exames clínicos e, uma hora depois, outro médico repete todos os exames. O segundo passo é um teste de apneia para se ter certeza que o paciente está respirando ou não. E a terceira etapa é um exame de imagem, podendo ser um eletroencefalograma, doppler ou arteriografia.
Daniela Ramos, coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas frisa que a doação de órgãos do potencial doador, juridicamente, só pode ser autorizada pela família
Validade dos órgãos
Se a família autoriza a doação, é dada a largada para um processo que necessita da agilidade dos profissionais. Quando os órgãos são captados, é preciso correr contra o tempo para que cheguem ao receptor. Isso porque, cada órgão tem um tempo de validade. O coração, por exemplo, tem 4 horas, o fígado 8 horas, os rins 24 horas e a córnea dura um pouco mais, 15 dias.
“Com a autorização precisamos colher a sorologia do doador para saber se há alguma contra indicação, a tipagem sanguínea, o HLA para ver qual o receptor que irá receber o órgão doado. Também é analisado o RT-PCR para indicar se há Covid-19, pois é contra indicado para transplantes. Após resultados positivos de todos os exames, o órgão é inserido no sistema que determina, seguindo os critérios estabelecidos, qual será o receptor compatível”, esclarece a coordenadora da Central de Transplante, Daniela Ramos.
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