12/08/2023 15:09 | Cultura

Bienal do Livro: escritores discutem a contribuição de Jorge de Lima à poesia brasileira

A mesa organizada pela Academia Alagoana de Letras reuniu intelectuais em uma conversa sobre o autor alagoano


X Bienal do Livro

Marco Antônio / Agência Alagoas


Clarice Maia / Ascom Imprensa Oficial

A extraordinária contribuição de Jorge de Lima à literatura e à poesia de língua portuguesa. Esse foi o tema sensível da mesa de conversa que reuniu três intelectuais Cacá Diegues, Antônio Torres e Marco Lucchesi, com mediação de Rostand Lanverly, presidente da Academia Alagoana de Letras, organizadora do evento na programação da 10ª Bienal Internacional do Livro.

 

Na abertura, foi entregue o livro Vida e Obra de Jorge de Lima, escrito pelo autor Povina Cavalcanti. A obra foi lançada em 2023 e faz parte do catálogo da Imprensa Oficial Graciliano Ramos em parceria com a Secretaria de Estado da Comunicação (Secom).

 

Os três convidados para compor a mesa são admiradores profundos do escritor Jorge de Lima. Autor de 18 filmes, alguns deles premiados inclusive internacionalmente, Cacá Diegues é membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). Sobre a obra A túnica inconsútil, o cineasta produziu o filme O Grande Circo Místico.

 

Antônio Torres é um baiano radicado em Petrópolis e, como membro da Academia Baiana de Letras, ocupa a cadeira de número 23, a mesma que foi do escritor Machado de Assis. Autor de 18 livros já teve sua obra traduzida em 21 idiomas. Marco Lucchesi é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com dezenas de trabalhos no campo da literatura e também é membro da ABL.

 

O escritor Antônio Torres lembrou que Jorge de Lima tentou por quatro vezes se candidatar à ABL, tendo perdido em todas as vezes. Sendo que na última vez poderia ter ganho, mas dois votos que lhe garantiriam a vitória demoraram a ser entregues pelos Correios e não foram computados.

 

Entretanto, os participantes da mesa ressaltaram o caráter fundamental da poesia de Jorge Lima e o que ela representa. “Um homem extraordinário, não pode ser esquecido, é uma influência não só na literatura brasileira, mas no modo de ver o mundo” comentou Cacá Diegues. Ele ainda disse que o escritor é “inesquecível” e que iria passar a vida “lendo, até entender direito o que ele era”.

 

A conversa entre os três intelectuais também foi marcada pelos chamados atravessamentos da obra de Jorge Lima. Tanto das presenças intensas e fundamentais de outros autores na obra dele, como na forma como ele se incide sobre a visão de seus leitores. Antônio Torres chegou até a comentar ter encontrado influências do autor no próprio trabalho, mesmo sem saber ainda que elas existiam.

 

Cacá Diegues falou sobre a presença de outros escritores na obra de Jorge de Lima e a forma como ele lidava com isso: “tem muita coisa dele que ele reproduzia de outros poetas, de outros autores”. Na mesma perspectiva, Marco Lucchesi falou do escritor como uma espécie de tradutor, um observador fazendo a tradução do que está sendo visto, tendo diversos elementos e, entre eles, a presença de suas influências. Destacou que essa é uma característica também marcante em autores consagrados como Camões, Dante e Shakespeare.

 

A mesa ainda contou com a participação de pessoas que estavam na plateia, com perguntas e observações. Os escritores também falaram sobre obras fundamentais, como a Invenção de Orfeu, e todos concordaram com a observação feita por Cacá Diegues de que “Jorge de Lima mudou a história da poesia na língua portuguesa e mudou a história da poesia no Brasil”