02/08/2021 17:00 | Alagoas Contra Fake

Alagoas Sem Fake: vídeo criticando vacina Janssen é enganoso


Ilustração


Secom Alagoas

Circula no WhatsApp um vídeo onde uma mulher coloca em dúvida a medida da Agência Reguladora de Medicamentos dos Estados Unidos  (FDA, sigla em inglês) em aprovar a prorrogação do prazo de validade da vacina Janssen e ironiza as doações feitas ao Brasil. As matérias apresentadas no vídeo são verdadeiras, mas informações são citadas fora de contexto e acrescidas de opiniões anti científicas.

O vídeo mistura várias informações e as relaciona com situações isoladas. A primeira informação dada é que os Estados Unidos pausaram a aplicação do imunizante da Janssen, do grupo Johnson & Johnson. “Ela estava causando trombose, inclusive uma pessoa morreu. A FDA e o CDC recomendaram suspender para fazer mais estudos. Passou um tempo e voltaram a aplicar a vacina, só que ninguém queria tomar e começou a se estragar”, afirma a jovem.

As informações precisam ser entendidas separadamente. De fato, a agência reguladora de medicamentos (FDA) e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) recomendaram, em 13 de abril, que a aplicação da vacina da Johnson contra a Covid-19 fosse pausada no país depois que foram identificados seis casos de coágulos entre as 7 milhões de pessoas que já haviam recebido o imunizante.

A pausa foi justificada pelas agências para que pudessem ser feitas análises dos casos de trombose. Após dez dias de suspensão e revisão de dados, as agências declararam estar confiantes de que os efeitos colaterais da vacina são raríssimos e que a vacina Janssen é segura e eficaz. Conjuntamente, CDC e FDA recomendaram o retorno da imunização com o imunizante da Johnson & Johnson.  

As agências se posicionaram após as análises: “Durante a pausa, as equipes médicas e científicas do FDA e do CDC examinaram os dados disponíveis para avaliar o risco de trombose. As duas agências determinaram o seguinte: o uso da vacina Janssen Covid-19 deve ser retomado nos Estados Unidos. O FDA e o CDC têm confiança de que esta vacina é segura e eficaz na prevenção de COVID-19. O FDA determinou que os dados disponíveis mostram que os benefícios conhecidos e potenciais da vacina superam seus riscos conhecidos e potenciais em indivíduos com 18 anos de idade ou mais”, divulgou a FDA em 23 de abril.

Ao citar no vídeo que as pessoas se recusaram a tomar a vacina da Johnson & Johnson após o retorno e que, por isso, as doses “se estragaram”, a mulher mostra uma reportagem em inglês com a suposta ligação entre as duas situações. No entanto, a matéria de 11 de junho noticiou que a FDA disse à Johnson & Johnson para descartar cerca de 60 milhões de doses que foram produzidas em uma fábrica problemática em Baltimore e estariam contaminadas. A fábrica já tinha se envolvido com problemas com a produção de imunizantes da AstraZeneca. Todas essas doses foram descartadas, não tendo sido aplicadas em estadunidenses ou doadas para qualquer país.

Outra matéria que ela cita para justificar como resultado de uma suposta resistência da população quanto à vacina foi a do The New York Times. O texto de 15 de junho informou sobre a preocupação dos estados de que algumas doses expirariam no final do mês. Entretanto, em nenhum momento a reportagem correlaciona a situação com a falta de interesse da população em ser vacinada.

Antes mesmo dessa notícia,  a Johnson & Johnson disse no dia 10 de junho que os reguladores dos EUA prorrogaram a data de validade de milhões de doses da vacina.  “A decisão é baseada em dados de estudos de avaliação de estabilidade em andamento, que demonstraram que a vacina é estável em 4,5 meses, quando refrigerada a temperaturas de 36 a 46 graus Fahrenheit”, disse no site oficial.

Com essa última informação, a mulher comenta em um tom jocoso sobre a extensão da validade da vacina e apresenta a notícia sobre a doação de 3 milhões de doses ao Brasil. “Bonzinhos, né? você acha isso normal?”, ironiza a responsável pelo vídeo.

Não foi apenas a vacina da Janssen que os EUA doaram. Antes de enviar as doses ao Brasil, os EUA, que haviam vacinado totalmente 47,5% da população até o início de julho, tinham anunciado a doação de 500 milhões de doses da Pfizer a 92 países pobres. O Brasil recebeu  o primeiro lote da vacina no dia 25 de junho com 2 milhões de doses e o segundo lote no dia seguinte com 942 mil doses da Janssen. O país está com 12,8% da população totalmente vacinada.

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